Em entrevista, técnico comenta planejamento e afirma que time vai perder 'quatro ou cinco jogadores' para a próxima temporada
A principal carência é o ataque, já que o time tem poucas peças para este setor. Bruno Mendes deve permanecer, mas a situação de Elkeson ainda é incerta. Confirmada só a saída de Rafael Marques. Uma das opções poderia ser Loco Abreu, que, depois de uma passagem apagada pelo Figueirense, terá de se reapresentar com o time em janeiro. Se ficará, ainda não há uma definição.
Oswaldo não está otimista. O uruguaio estava insatisfeito com a
condição de reserva no Bota e preferiu sair para ficar em maior
atividade e aumentar suas chances de defender o Uruguai na Copa do Mundo
de 2014.
- Não temos mais o que conversar. Ele tem de procurar jogar o melhor
que ele puder e eu, se achar que for melhor, escalar. Não sei se ele
estará aqui, nem adianta ficar falando muito sobre isso - afirmou o
treinador.
A preocupação maior de Oswaldo é perder peças importantes. Sem citar
nomes, ele disse que isso pode ocorrer. Alguns jogadores que se
destacaram no Brasileiro, despertam a cobiça de outros clubes, como
Dória, zagueiro de apenas 18 anos.
- Nós vamos perder jogadores, uns quatro ou cinco. Isso me preocupa muito. Não é fácil a reposição.
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Oswaldo comentou ainda sobre as
cobranças da torcida em cima de seu trabalho, suas avaliações da
temporada 2012 e os planos para o próximo ano. Confira:
GLOBOESPORTE.COM: qual a avaliação que você faz deste seu primeiro ano no comando do Botafogo?Oswaldo de Oliveira: - O Botafogo, como cada clube, tem suas características. O time teve uma década de 60 iluminada, junto com o Santos. Foram os que mais projetaram jogadores. Duas gerações excepcionais. Garrincha, Didi, Quarentinha, Zagallo, Gerson, Jairzinho... Foram times muito fortes. Depois disso o Botafogo teve alguns momentos de pico, mas não com essa consistência de uma década. Prova disso é o tempo em que ficou sem título. Acompanhei de perto, vivia o futebol do Rio. Demorou até 89, depois em 95 teve o título brasileiro. Isso formou uma torcida de elite, acostumada com grandes títulos e que não aceita quando isto não acontece. Pesa ainda que tenha estado na Série B. Às vezes se perde a proporção da realidade. Os outros centros de futebol do Brasil se fortaleceram. Outro dia vimos o Atlético-GO vencer o Fluminense campeão brasileiro no Rio.
- Acho que sim. Nas listas dos orçamentos do futebol brasileiro, o
Botafogo era apenas o 13º. Outros clubes estão investindo. Essa
proporção tem de ser levada em consideração, não é apenas a tradição.
Não se pode perder o fio de meada.
Considera que esta cobrança pode ficar ainda maior em 2013, quando você terá uma sequência no trabalho?
- Acho que sim.
Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou no Brasileiro?
- As mudanças que tivemos nos afetaram muito. É inegável que a saída do
Herrera e do Maicosuel mexeram demais, até porque não estávamos
preparados para repor e demoramos demais. Não aconteceu com as nossas
primeiras opções de reposição, foi uma coisa que se arrastou e o
campeonato continuou. Quando vencemos, mesmo com as alterações, fomos
enaltecidos. Quando o Elkeson fez dois contra o Corinthians, todos
disseram que ele era um grande atacante. Dali a pouco, quando parou de
fazer, já deixou de ser. Não podemos olhar sem colocar estas proporções.
O que mudou para o time com a chegada do Seedorf? Já pensa em alternativas táticas para o ano que vem?
- Este é outro ponto que não podemos esquecer. Jogávamos de uma maneira
sem o Seedorf e mudamos profundamente com sua entrada. Meu time joga no
4-2-3-1. Já era, mas as funções mudaram bastante. Os meias têm mais
obrigação de marcação. Tentei alternativas este ano. Acontece que no
melhor momento do Vítor Júnior nós o perdemos por lesão. Estava voando,
foi um prejuízo grande. O Fellype Gabriel também se machucou. Essas
coisas baquearam, é inegável.
O Rafael Marques ficou sem ambiente para permanecer no clube?
- Ele não vai ter paz. É um excelente jogador, vou sempre dizer isso,
apesar de algumas pessoas acharem o contrário. Cada um tem seu ponto de
vista. As pessoas analisam pelo que assistiram aqui, eu analiso pelo que
vi antes.
Em tese, o Loco Abreu se reapresenta com o elenco em janeiro.
Acredita que ele pode ter mudado de ideia e resolvido se encaixar dentro
da sua filosofia?
- Já conversamos muito e as posições são muito claras e firmes, tanto
as minhas quanto as dele. Não temos mais o que conversar. Ele tem de
procurar jogar o melhor que ele puder, e eu, se achar que for melhor,
escalar. Não sei se ele estará aqui, nem adianta ficar falando muito
sobre isso. Podemos falar se acontecer de ele voltar.
Como está o planejamento para a formação do elenco? Há o risco de perder jogadores?
- Nosso planejamento está adiantado. No futebol tem disso. O cara vem
com um bolo de dinheiro, e há outros interessados além do Botafogo. Nós
vamos perder outros jogadores, uns quatro ou cinco. Isso me preocupa
muito. Não é fácil a reposição. Já sentimos isso antes.
Sua equipe terminou o ano com jovens com a condição de
titulares, casos do Dória, Gabriel e Bruno Mendes. Eles terão atenção
especial?
- Hoje eles são titulares, não tenha dúvida. Mas são jovens,
adolescentes, e vão oscilar. Precisamos lidar com isso, eles vão errar,
estão em desenvolvimento. É preciso ter a reposição. O Bruno Mendes,
quando a bola não entrar, vai ter de ser substituído. Não há paciência
com o atacante que não coloca a bola para dentro. Isso não é de hoje. O
Pelé, quando ficava sem fazer gol, as pessoas caíam em cima dele.
Qual foi a maior diferença que notou no futebol brasileiro depois de ficar cinco anos longe?
- Os jogadores hoje em dia são mais participativos, mais profissionais.
Muito mais interessados, lógico que com exceções. O tempo passa e isso
vai sendo intensificado.
Quais os planos para o período de férias?
- Vou viajar e passear bastante.
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